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Exercício de Transcriação 

CD1 / 01 : 01 52’’ a 3’21’’

Essa transcrição foi feita por Bruna Macedo de Oliveira Rodrigues

Versão 3:  marcas apenas da oralidade, próprias da variedade carioca e pausas demarcadas espacialmente

                              É mesmo?

                                                                                     [risadas externas.]

Quanto tempo cê demorou?

Um dia e uma noite.

 

Um dia e uma noitchii.

 Depoix fui dooo Rio dji Janero

fui dji Copacabana

 

Ipanema

Copacabana, Ipanema

 

é

 

Gávea e Copacabana, Ipanema

LEBLON [ruído ao fundo]

                                            Gávea

 

é

 

Botafogo [risadas externas.]

 

Jardim Botânico

 

é

 

Largo do Machado [vozes ao fundo]

Flamengo até Central do Brasil a pé também [risadas externas]

 

 

Quem

sempre andando a pé.

Quem que trouxe você pra cá, pra Colônia?

 

Foi quando a Ana

 

essa que tava na vigilância aqui e entrou qualquer um no lugar (1m55s)

 

foi quando a Ana

me descobriu que eu tava na rua com o

Luiz

 

eu, nega preta criola

Luiz, nego preto criolo ao meu lado

quando me abandonou um pouquinho entrou no bar pra se alimentar e eu fiquei sem alimentação

 

ele sentô na cadeira

                                procurô mesa

                                      tomô uma Coca-Cola

e comeu um pão dji  sal com salchicha e eu fiquei em PÉ

                            lá no bar

                                sem alimentação

e saí

ele também saiu

eu perdi o óculox

ele ficô cum o óculox

e era Botafogo, Praia de Botafogo

e quando

               enquanto isso

 

eu

 

enquanto isso

                     enquanto eu

 

eu fiquei sem alimentação e ele ficô com o óculox [ruído ao fundo]

essa troca dji ideia [risadas externas]

essa troca dji  sabedoria

                           essa troca dji  ixperteza                               

                                        dji  an…

                                             dji  adiantamento

dji sabedoria

          dji  ixperteza

              dji adiantamento e dji sabedoria

dji ixperteza

dji adiantamento

           dji IDEIA

 

enquanto isso

                         enquanto isso ele

Versão 2- transcrição literal de todas as marcas

                                                                                                                                                      Entrevistadora: É mexmu?

                                                                                                                                                                        [risadas externas.]

Kuantu tempu cê demorô?

Um dia e uma noite.

 

Um dia i uma noiti.

Depoix fui duuu Riu de Janeru

fui di Copacabana

Ipanema

Copacabana, Ipanema

é

Gávia i Copacabana, Ipanema

LEBLON [ruído ao fundo], Gávia

Botafogu [risos externos]

Jardim Botânicu

é

Largu du Machadu [vozes ao fundo]

Flamengu até Central du Brasil a pé também [risos externos]

 

Kuem

sempri andando a pé.

Kem que troussi você pra cá, pra Colônia?

Foi kuandu a Ana

essa que tava na vigilância aki e entô kuauker um nu luga  (1m55s)

 

foi kuandu a Ana

mi descobriu que eu tava na rua cum u

Luiz

 

eu, nega preta criola

Luiz, negu pretu criolu au meu ladu

kuandu me abandonô um pouquinhu entrô nu bar pra si alimentar i eu fiquei sem alimentação

 

eli sentô na cadeira procurô mesa tomô uma Coca-Cola

i comeu um pão de sau com salchicha

i eu fiquei em PÉ, lá nu bar, sem alimentação

i saí

eli também saiu

eu perdi u óculux

eli ficô cum u óculux

i era Botafogu, Praia di Botafogu

i kuandu, inkuantu issu

 

eu

 

inkuantu issu, inkuantu eu

 

eu fiquei sem alimentação i eli ficô cum u óculux [ruído ao fundo]

essa troca di ideia [risadas externas], essa troca di sabedoria, essa troca di ixperteza, de an| de adiantamentu

di sabedoria

di ixperteza, di adiantamentu i di sabedoria, di ixperteza, di adiantamentu, di IDEIA

 

inkuantu issu

 

inkuantu issu eli

Versão 1 - primeira tentativa

                              É mesmo?

                                                                                     [risadas externas.]

Quanto tempo cê demorou?

Um dia e uma noite.

 

Depois fui dooo Rio de Janeiro

fui de Copacabana

 

Ipanema

Copacabana, Ipanema

 

é

 

Gávea e Copacabana, Ipanema

LEBLON [ruído ao fundo]

                                            Gávea

 

é

 

Botafogo [risadas externas.]

 

Jardim Botânico

 

é

 

Largo do Machado [vozes ao fundo]

Flamengo até Central do Brasil a pé também [risadas externas]

 

 

Quem

sempre andando a pé.

Quem que trouxe você pra cá, pra Colônia?

 

Foi quando a Ana

 

essa que tava na vigilância aqui e entrou qualquer um no lugar (1m55s)

 

foi quando a Ana

me descobriu que eu tava na rua com o

Luiz

 

eu, nega preta criola

Luiz, nego preto criolo ao meu lado

quando me abandonou um pouquinho entrou no bar pra se alimentar e eu fiquei sem alimentação

 

ele sentou na cadeira procurou mesa tomou uma Coca-Cola

e comeu um pão de sal com salchicha e eu fiquei em PÉ, lá no bar, sem alimentação

e saí

ele também saiu

eu perdi o óculos

ele ficou com o óculos

e era Botafogo, Praia de Botafogo

e quando, enquanto isso

 

eu

 

enquanto isso, enquanto eu

 

eu fiquei sem alimentação e ele ficou com o óculos [ruído ao fundo]

essa troca de ideia [risadas externas], essa troca de sabedoria, essa troca de esperteza, de an| de adiantamento

de sabedoria

de esperteza, de adiantamento e de sabedoria, de esperteza, de adiantamento, de IDEIA

 

enquanto isso

 

enquanto isso ele

Comentário de Bruna  

O exercício de transcrever o Falatório me gerou muitas inquietudes, não porque nunca tivesse transcrito áudios antes (o fiz algumas vezes durante a graduação), mas pelo que esse material me suscitava e ainda suscita. Escutar Stella supõe ouvir também tudo o que a rodeia nesse espaço, ouvir as suas interlocutoras que dialogam (e por vezes me perguntei se dialogavam de fato) e os diversos momentos em que ela é interrompida em seu fluxo de pensamento-fala. 

 

Com respeito ao exercício de transcrição em si, minha primeira tentativa buscava demarcar uma separação (com cores e também da espacialidade da página) das vozes de Stella, de sua interlocutora e também dos demais sons que se escutavam. Também busquei apontar momentos em que escutava vogais alongadas e ênfases, com maiúsculas. Na segunda tentativa, tratei de me aproximar mais ao que escutava e ficar menos presa à forma como as palavras são grafadas, do ponto de vista da ortografia tradicional, daí que se destacam vogais finais em u, por exemplo, em “Riu” em lugar de “Rio”, contudo, depois da discussão com os colegas em reuniões do coletivo, pensei que se poderia cair numa espécie de “trampa”, ao induzir, ainda que sem intenção, que quem lesse entendesse essa quebra de expectativa com respeito ao conhecido da língua e, ao mesmo tempo, pudesse redundar numa leitura pejorativa, de um uso considerado “errado” da língua, ao qual muitas vezes pessoas como Stella, e podemos aqui pensar em Carolina Maria de Jesus, acabaram sendo ligadas. A terceira tentativa vai mais para um meio-termo, mas continuou deixando marcados aspectos do português de Stella que me chamavam a atenção. Falo especificamente das marcas de um português carioca que, para mim, pessoa da capital paulista, me soam muito características desse falar que não lhe é exclusivo, mas que compõem, a meu ver, o corpo a essa fala.   

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Todas as imagens referentes a Stella do Patrocínio foram retiradas da dissertação de mestrado de Anna Caroline Vicentini Zacharias: Stella do Patrocínio: da internação involuntária à poesia brasileira.

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